"" Jorge Alamar ⇉ Redação do Enem: Manobras argumentativas da redação do Enem

Manobras argumentativas da redação do Enem

Para o sucesso de uma manobra argumentativa, o ideal é conhecer a audiência. É o que fazem os marqueteiros das campanhas políticas. Por meio de uma série de pesquisas, estabelecem-se os valores e as teses que certa parcela dos votantes considera os mais importantes. O discurso do candidato, então, passa a explorar os resultados da pesquisa, reforçando as crenças de seu eleitorado.
Como cada auditório tem particularidades que tornam as quatro condições necessárias para argumentação extremamente variáveis, o seu sucesso só poderia ser julgado por um auditório particular, o que impossibilitaria estabelecer-se uma teoria geral sobre a eficácia argumentativa. Esse problema foi equacionado por dois belgas estudiosos da argumentação, Perelman e Tyteca, quando criaram o conceito de auditório universal.

Os auditórios são esquematicamente divididos em duas categorias: os auditórios particulares, formados por grupos ou indivíduos que representam as várias tendências da sociedade de acordo com os papéis sociais que desempenham; e o auditório universal, que supõe atingir a totalidade dos seres racionais.

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O auditório universal é, portanto, um conceito teórico fundamentado pela pressuposição de que exista um repertório de valores e de informações que seja compartilhado por todos os participantes de uma comunidade, independentemente de sua posição social. Com base nesse repertório é que se constituiria aquilo que usualmente se chama de opinião pública. Sempre que não há um auditório particular, determinado e presente, sua presença é teoricamente presumida. E preciso antecipar dúvidas e objeções, assegurando-se de que o público compartilha das informações e dos dados de experiência que são necessários para a interpretação do texto.

A ideia de auditório universal, portanto, possibilita avaliar a qualidade de uma argumentação mesmo antes que ela de fato tenha sido proferida diante de um público qualquer. As bancas de correção de redação dos vestibulares, por exemplo, avaliam as dissertações amparadas nisso, pressupondo que aquele texto se dirige ao auditório universal, o conjunto dos seres pensantes, e que, por isso, deve operar segundo três condições: linguagem, valores e repertório cultural adotados pela opinião pública.

A linguagem adequada ao auditório universal deve ser clara, sem abuso de termos técnicos e do vocabulário erudito. Deve também seguir as prescrições da norma culta, garantindo a correção.

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